A vida do Professor Peter Mallmann
“Quando
nosso coração se volta aos nossos antepassados, algo muda dentro de nós.
Sentimos que fazemos parte de algo que é maior que nós mesmos.”
Já me peguei varias vezes pensando sobre
a história de vida do meu trisavô Peter Mallmann, me fazendo questionamentos
sobre ele, talvez por me sentir com um perfil parecido com o seu, e ter apresso
e orgulho do que ele viveu e foi. A história de sua vida começa na Alemanha, na
região do Hunsrick, banhado pelo rio Reno, quase na metade do século 19.
Johann Peter Mallmann e sua esposa Elisabeth Adams eram um casal de agricultores moradores de Blankenrath, na Alemanha, estavam esperando seu segundo filho, aos 08 de abril de 1848 nasceu meu trisavô, ao qual foi batizado com o nome de Peter. O pequeno Peter já tinha um irmãozinho chamado Johann Peter, mais tarde nasceu mais o irmão, Christian e três irmãs, Angela, Anna Maria e Anna. Peter foi crescendo, sabe-se que fez estudos superiores, deve ter também aprendido música e canto na mesma época.
Johann Peter Mallmann e sua esposa Elisabeth Adams eram um casal de agricultores moradores de Blankenrath, na Alemanha, estavam esperando seu segundo filho, aos 08 de abril de 1848 nasceu meu trisavô, ao qual foi batizado com o nome de Peter. O pequeno Peter já tinha um irmãozinho chamado Johann Peter, mais tarde nasceu mais o irmão, Christian e três irmãs, Angela, Anna Maria e Anna. Peter foi crescendo, sabe-se que fez estudos superiores, deve ter também aprendido música e canto na mesma época.
Cena de agricultores alemães do
trailer do filme Die andere Heimat - Chronik einer Sehnsucht de
Edgar Reitz.
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A Alemanha
estava passando por um período muito difícil, principalmente para as pobres
famílias de agricultores, muitas já tinham imigrado para o Brasil, a oferta era
grande e tentadora. Peter estava com 16 anos quando a família decide deixar sua
terra natal para imigrar para o Brasil. Quão difícil deve ter sido esta decisão,
abandonar seus familiares, sua terra natal, culturas, tradições, rumo a um
“mundo novo”. Mas a esperança de mudar e melhorar de vida estava presente em
seus corações para terem tomado esta decisão. Começava uma grande viagem, de carroça
e a pé, até o porto e mais aproximadamente três meses no navio em alto mar. O
navio veleiro possuía três mastros, andava com a força do vento, que provocava
fortes ondas e fazia o navio balançar. Nesta viajem Peter perdeu seu irmão
Christian, que como os outros que faleciam eram jogados ao mar. Viagem
sacrificada num navio em alto mar, passando por tempestades, todo este tempo
sem conforto, com mais dezenas de pessoas em busca de uma vida melhor.
Em 13 de
março de 1863 a família chega a Dois Irmãos, onde ficaram morando. Devem ter
ficado fascinados com as matas, os animais e principalmente com a terra fértil.
Foi um recomeço sofrido para a família, mas diante de uma outra realidade. Já
aqui no Brasil nasceu mais um irmãozinho de Peter em 1867 ao qual foi batizado
de João.
Peter
conheceu a jovem Maria Magdalena Reinbüchler, filha de Jacob Reinbüchler e
Elisabetha Wemann. Pedindo a em casamento, casou-se com ela no dia 10 de agosto
de 1869, na Capela São Francisco Xavier em Bugersberg (Monte dos Bugres)
atualmente Santa Maria do Herval.
Registro de Casamento de Peter Mallamnn e Maria Magdalena Reinbuchler.
Fonte: "Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952,Dois Irmãos; |
Em 1871 os
pais de Peter tiveram mais uma filha, nascia a irmã mais nova de Peter,
batizada como Elisabetha. O trisavô Peter, começou a ministrar aulas nas
pequenas escolas, lecionou durante 4 anos no Jamertal, hoje Dois Irmãos, após
mais 3 anos em Linha Bonita, Monte Negro.
Peter
Mallmann e Maria Magdalena Reinbuchler tiveram 11 filhos:
Maria Magdalena Reinbuchler e Peter
Mallmann.
Fonte: Arquivo pessoal do Autor.
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1-Pedro Mallmann
2-Felipe Mallmann
3-Jacob Mallmann
4-João Mallmann
5-José Mallmann
6-Catarina Mallmann
7-Nicolau Mallmann
8-Francisco Xavier Mallmann
9-Ignacio Mallmann
10-Maria Magdalena Mallmann
11-Veronica Mallmann
Em 1882 o
trisavô Peter a Trisavó Maria Magdalena mudaram-se para a então Picada de Santa
Clara, hoje município de Santa Clara do Sul, onde o trisavô chamado em
alemão de Pitter Hannes, assumiu a direção da nova capela/escola recémconstruída, sendo o Primeiro Professor Paroquial de Santa Clara do Sul, citado
no Álbum Jubilar do Padre Alberto Träsel, a trisavó por sua bondade era chamada
pelos familiares em alemão de “leib Malin”
O trisavô passou também a exercer o cargo
de Sacristão, tocava o órgão nas celebrações da capela e era dirigente do coro.
Aqui em Santa Clara do Sul residia na curva do travessão (rua) que segue em
direção a nova Santa Cruz, hoje a casa enxaimel está no Parque Histórico de
Lajeado.
A vida do professor naquela época
era muito difícil, uma comunidade de colonos muito humildes, o salário do
professor era muito pequeno. O trisavô e o filho mais velho aprenderam com
outra família a cultivar o tabaco, para ajudar a melhorar a condição de vida,
que não estava tão boa. A missão do Primeiro Professor de Santa Clara d Sul era
bem maior que apenas lecionar, recebendo tão pouco para o sustento da família,
foi obrigado a buscar uma alternativa, não deixando a comunidade e o magistério
de lado, me parece que foi muito empenhado e realmente fazia o que gostava,
ensinar as pequeninas crianças, filhos dos humildes colonos ler e escrever.
Casa onde a família do trisavô
Professor Peter Mallmann morou em Santa Clara do Sul, hoje localiza-se no
parque Histórico de Lajeado RS.
Fonte: Arquivo do Autor.
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Em 1895 no último ano da Revolução Federalista , o grupo dos maragatos de Zeca Ferreira
ameaçava invadir o centro da Picada de Santa Clara, a picada estava em alerta.
A família do trisavô passou pelo tormento dessa invasão, assim como as outras
mulheres a trisavó Malin teve que se esconder com as crianças na mata, hoje a
comunidade de Santa Clara do Sul não tem ideia dos momentos de medo que as
famílias viveram naquela época, mas deixaram um grande legado, nunca
abandonaram sua coragem e sua fé. No dia 28 de maio de 1895 ao raiar do sol os maragatos
tentaram a invasão, o trisavô Pitter Hanes foi um dos 50 combatentes
Santa-Clarenses que heroicamente rechaçaram os Maragatos, naquele dia.
No ano de 1898 o trisavô Peter e a trisavó Maria Magdalena mudaram-se para Lajeado, onde Peter adoeceu dos pulmões e faleceu no dia 01 de Janeiro de 1902, com 52 anos, foi sepultado no cemitério católico em Lajeado.
Em 1896
foi concedida a licença eclesiástica ao coral do Professor Peter Mallmann, os
quais fundaram a "União Santa Cecília", na qual se inscreveram 60
homens e jovens, onde o melhor tenor do coro era Miguel Ruchel Sobrinho, o
coral existe até hoje, com denominação de Coral São Francisco, é uma das
grandes heranças do trisavô para a comunidade. O trisavô em meio as
dificuldades da época foi professor durante 17 anos, alfabetizando e instruindo
muitas crianças, certa vez teve 53 alunos em sua sala de aula.
Foto Professor Peter Mallmann com seus 53 alunos em frente a
primeira capela escola de Santa Clara do Sul.
Fonte: Album Jubilar de Santa Clara do Sul.
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No ano de 1898 o trisavô Peter e a trisavó Maria Magdalena mudaram-se para Lajeado, onde Peter adoeceu dos pulmões e faleceu no dia 01 de Janeiro de 1902, com 52 anos, foi sepultado no cemitério católico em Lajeado.
Registro de Óbito
de Peter Mallmann.
Brasil, Rio
Grande do Sul, Registros Igreja Catolica , 1738-1952, Paróquia Santo Inácio de
Lajeado.
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Ali partia para a eternidade, para mim, o grande trisavô
Peter Mallmann, Pitter Hannes como era chamado, deixou um grande legado e
exemplo comunitário para toda família Mallmann, inspiração para nós nos dias de
hoje que muitas vezes passamos por momentos difíceis, mas sempre devemos buscar
novas alternativas, não desistindo de nossos ideais. Uma vida sofrida mas com certeza com muitas
alegrias deixando a descendência de uma família numerosa espalhada por todo Brasil e outros países.
Todesanzeige – agradecimento da esposa enlutada
de Peter Mallmann.
Fonte: Acervo Benno Lermen, Instituto Anchietano de Pesquisas Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. |
Após o trisavô Pitter Hannes falecer a trisavó Malin foi morar na casa do bisavôJosé Mallmann e bisavó Cataria Friedrich, em São Bento Lajeado. Em dezembro de 1924 a trisavó Malin adoeceu, depois de oito dias acamada na manha do Natal, 25 de Dezembro de 1924 faleceu, foi sepultada no cemitério católico de São Bento Lajeado.
“Nossos antepassados seguem vivendo
em nós, e através de nós querem realizar algo que dará a eles e a nós, paz.”
Bert Helinger.
Trata-se
do sentimento de quem honra seus antepassados, tem os como exemplos, estuda
genealogia. Hoje participo do Coral São Francisco criado na década de 1880, pelo
trisavô Peter Mallmann, em minha casa tenho um quadro com sua foto ao lado da
foto da trisavó Maria Magdalena, preservando assim sua história de vida escrevi nesta publicação.
Vídeo
do Coral São Francisco, sob regência de Silvestre Bourscheidt, canto do Glória
Missa de Natal 2018.
Fontes de Pesquisa:
TRÄSEL, Padre Alberto. Álbum Jubilar de Santa Clara do Sul. Jornal da Comemoração do Centenário Santa-clarense, Impresso. Santa Clara do Sul, 1969
MALLMANN, Padre Lodomilo Augusto Mallmann. A
Origem da Família Mallmann. Editora não informada. 1994.
Agradecimento póstumo ao Padre Alberto Träsel, Pedro Canisio Mallmann, Orestes Mallmann, e Eduardo Daniel Schneider.
Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de famílias alemãs desde 2008.
Se tiver alguma contribuição ou correção para fazer, estarei a disposição, contate pelo facebook, ou e-mail rafaelhelenhard@gmail.com, não esqueça de me seguir para acompanhar as publicações.
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