quinta-feira, 24 de junho de 2021

103 anos de Ella Wünsch Lenhardt

 

Dona Ella em sua casa em Sampaio Santa Clara do Sul.


Ainda estamos em tempo de pandemia, o que dificulta a visita e conversas com pessoas de mais idade, estas que são nossa memória viva do passado. É preciso buscar novos meios, para descobrir a essência da pessoa relatada, esta entrevista fiz por meio de redes sociais. O dia de hoje é histórico, neste dia de São João Batista, dona Ella Wünsch completa seus 103 anos.

Dona Ella nasceu em 24 de junho de 1918 em Sampaio Santa Clara do Sul, na época pertencente ao município de Lajeado, filha de Ervin Wünsch e Frida Hunemeier, é a penúltima de cinco filhos, quatro mulheres e um homem. É viúva de Pedro Lenhardt, o casamento ocorreu em 27 de fevereiro de 1937, do qual tiveram 7 filhos: Alma, Astha, Ivo, Lori, Otano, Claus e Gladis, os dois últimos são gêmeos.

Foto do casamento de Ella Wunsch e Pedro Lenhardt.


A filha Gladis conta que a mãe estudou até o quinto ano, em uma escola residencial na localidade de Linha Teresinha, município de Venâncio Aires. As aulas eram em alemão e aprendiam apenas palavras essenciais em português como: casa, árvore, filho, gato.

Dona Ella com familiares em sua casa em Sampaio Santa Clara do Sul.


A neta Ana, lembra com carinho da avó na infância quando morou na casa dela: “Uma cozinha quentinha e cheirosa, com o fogão a lenha, e panela de ferro para o feijão. Uma mulher frágil e pequenina, que trabalhava duro na lida da casa, do campo e dos seus”.

“Todas as tardes preparava um cestinho com pão de milho, linguiça, torresmo e café preto, levava na roça onde o marido Pedro os filhos Lori, Claus, Ivo e a nora Ana estavam trabalhando”, descreve a neta.

Pergunto para a neta, qual seria aos seus olhos, o segredo da longevidade da avó, ela responde: viver bem em família, ter fé e uma alimentação saudável, ela comenta que a avó sempre buscou ler, estar informada e ativa. Para ler a entrevista do centésimo aniversario de dona Ella, concedida ao Jornal A Hora, basta clicar aqui.

Festa do centenário de dona Ella com os filhos e nora.


Dona Ella tem 7 filhos, 19 netos, 21 bisnetos e 4 trinetos, sua residência permanece em Sampaio, Santa Clara do Sul, viveu os três últimos anos na casa de uma filha na cidade de Lajeado, hoje esta no Residencial Geriátrico Amor Perfeito, por possuir muitas limitações decorrentes da idade.

É um marco histórico atingir esta idade, uma alegria para família, e acima de tudo um exemplo de vida, para nos inspirar nos dias de hoje, não poderia deixar de dedicar uma postagem no meu blog. Parabéns dona Ella pelos 103 anos de vida, por sua trajetória e pela família construída!



 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

90 anos de Amélia Heisler Ody


Amélia Ody em frente a Casa Canônica em Santa Clara do Sul.




Neste dia 07 de Abril, Amélia Ody está completando noventa anos. A família Ody fez parte de minha infância, diariamente passava em frente a sua casa, com meu pai, para ir à roça, então tínhamos uma ligação de proximidade, como era com a vizinhança há tempos atrás.

Sempre tive curiosidade em sua história e já visitei varias vezes a nonagenaria Amélia. Sei que ela é um pouco tímida em revelar a idade, mas tamanha dadiva é digna de orgulho. Ela nasceu em 07 de abril de 1931, na cidade de Mato Leitão, na época município de Venâncio Aires, é filha de Alberto Heisler e Theolinda Johann.  Quando ela tinha 4 meses a família se mudou para a Picada Mähler, seu pai Alberto era marceneiro, na época era uma profissão pouco remunerada, a família comprou uma área de terras na picada, para poder ter um sustento melhor.

Amélia conta que estudou quatro anos na escola em Picada Santa Clara, seu professor foi Alfredo Luft, após mais um ano na Escola São José, recém assumida pelas Irmãs da Divina Providencia.  Diz ela “Antigamente não se aprendia tanto educação e jeito de lidar com as pessoas, a mãe queria que cada filha mulher fosse um ano estudar com as irmãs, meio turno estudar e o oposto trabalhar, tínhamos que levar também algum mantimento de casa”.   As irmãs proporcionavam uma maior experiênciade vida, e mais  instruções para as famílias que residiam nas picadas do interior. Neste ano Amélia foi colega de Hilda Ody, irmã de seu esposo Aloysio, foi então que certo dia acompanhou a colega até a casa da família Ody.

A família Heisler era muito religiosa, os caminhos para chegar até a Igreja Matriz de Santa Clara do Sul eram muito precários, era preciso pegar atalhos entre roças e potreiros, mas a devoção era tanta que sempre alguém da família assistia a missa diária. Na rotina da família, a oração estava presente nas principais refeições, pela noite antes do jantar era rezado o terço e ainda após o ângelus, até a hora de dormir. Hoje Amélia ainda reza o terço em alemão diariamente.


Família de Alberto Heisler e Theolinda Johann


Certo dia Amélia estava no centro de Santa Clara do Sul e estava indo para casa, sabia que em Sampainho havia um cachorro raivoso pela rua, acontecia muito na época por não existir aqui a vacina antirrábica. Apurando os passos rezava para não encontrar o cachorro no caminho de casa, quando de repente em uma curva o cachorro vem ao seu encontro, “ era um cachorro grande brazino, pensei para onde vou correr? De um lado havia mato, de do outro um potreiro com um barranco alto. Eu pensava este cachorro vai me morder, o que eu faço agora? Meu Deus!  Consegui me agarrar no barranco em um arbusto, passei por um murro de pedras e uma cerca de arrame farpado,  pela lateral do murro consegui fugir. Quando já estava um pouco distante ele se sentou no alto do moro e começou uivar. Escapei por pouco, mas quando cheguei em casa chorei muito de medo.”

Na década de 1940 o Pároco Davi Groth, convidou a família de Alberto Heisler para administrar o hospital de Santa Clara do Sul, que estava com as atividades paradas, anteriormente era administrado por Carlos Schnorr. A família residiu ali cinco anos, Amélia relata a tamanha dificuldade para reorganiza-lo e o grande esforço para administra-lo, ela era adolescente e ajudava os pais nos serviços gerais. Após as Irmãs da Divina Providencia assumiram as atividades.

Quando pergunto se Amélia gostava de frequentar os bailes antigamente seu rosto não aponta posição de agrado, diz ela que não gostava, era muito apegada a sua família. Havia dançado com um outro rapaz muito alto, mas certo baile Aloysio  Ody correu em frente ao rapaz citado e a toma para dançar, “ ele nunca mais me largou, era muito apaixonado por mim, até partir” Aloysio faleceu em 2018. O namoro da época era muito restrito apenas uma visita nos domingos a tarde, nos dois anos de namoro ela foi apenas uma vez visitar a casa do sogro Felipe Ody. Amélia e Aloysio casaram em 09 de Maio de 1951 e tiveram cinco filhos: Marilene, Canisio, Nelsi, Maria Lisete e Marilise.

Casamento de Amelia Heisler e Aloysio Ody, 09 de maio de 1951.




Amélia e Aloysio Ody com seus filhos na Festa do centenário da Colonização de Santa Clara do Sul em 1969.



A família Ody era uma família agraciada, Aloysio esposo de Amélia tinha três irmãs que consagraram suas vidas como Irmãs Religiosas, dois Irmãos Lassalistas e dois Padres.  Lembra Amélia que após casados ficaram residindo na casa do sogro Felipe Ody, a grande alegria da família quando os religiosos podiam todos juntos fazer as visitas de férias ao pai e familiares. Das poucas vezes que foi possível lembra da alegria de uma visita próximo no Natal, onde os religiosos ao lado do presépio entoaram cantos a vozes, uma grande alegria e honra para todos.  


Bodas de Prata de Amélia e Aloysio Ody, 1976.


Bodas de Ouro de Amélia e Aloysio Ody, 2001.


Bodas de Diamante de Amélia e Aloysio Ody, 2011.



Muito temos a aprender com as histórias da Amélia, que são ensinamentos para os dias de hoje. Mesmo diante das dificuldades que a vida nos impõem, devemos  lutar muito pelos nosso ideais, nunca perdendo a esperança e a fé em Deus. Parabéns Amélia pelos seus 90 anos, que Deus continue te abençoando com muita saúde ao lado de sua família!    





Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de várias famílias desde 2008.

Se você precisar de ajuda em pesquisas ou tiver alguma contribuição para fazer, estarei a disposição, contate pelo facebook, ou e-mail rafaelhelenhard@gmail.com, não esqueça de me seguir para acompanhar as publicações.