quarta-feira, 18 de junho de 2025

Porcelanas

Porcelana Renner








Porcelana Schmidt 


Porcelana Real





Porcelana Mauá 







Porcelana Rami



Porcelana Pozzani




Porcelana Dom Pedro




Oxford






domingo, 12 de março de 2023

91 anos de Thereza Kunz Marges


Foto da visita a senhora Thereza Kunz Marges


Na semana passada, em um belo final de tarde, a conversa foi com a senhora Thereza Kunz Marges, ela que é neta paterna do pioneiro Santa-clarense Felipe Kunz e Catharina Olbermann, este que chegou aqui em 1874 e narrou em seu diário, toda viagem, da Alemanha até a colonização de Santa Clara do Sul. Ela é neta materna de Leopoldo Goergen e Paulina Ruwer, Leopoldo foi sub-intendente de Santa Clara do Sul na década de 1920. Thereza é a quarta filha do casal José Kunz e Bertha Goergen, nasceu em 28 de junho de 1931, na casa do avô Leopoldo Goergen, no centro de Santa Clara do Sul, teve uma infância com muitas mudanças, após nascer no centro da cidade, a família mudou-se para Nova Santa Cruz, sempre trabalhando arduamente para comprar sua própria área de terra. 

Casa que pertenceu a Leopoldo Goergen, onde Thereza nasceu.


Em Nova Santa Cruz, Thereza frequentou a escola com o renomado professor da comunidade, Pedro Canísio Weber. Em pouco tempo a família mudou-se para a Rua das Flores, onde ela passou a frequentar a escola no centro, no prédio onde hoje funciona a Biblioteca e Museu Municipal. Então a família voltou para Nova Santa Cruz, agora com uma área de terras própria, e ela voltou a frequentar a escola anterior com o mesmo professor. Conta que aprendeu ler e escrever em português, e sentia-se muito fraca quando criança, ela estudou por quatro anos. Seu pai, José Kunz, trabalhou como leiteiro, recolhia todos os dias a produção de leite em Nova Santa Cruz, vendia em São Rafael na casa comercial de Rainoldo Arenhart, o recolhimento do era feito de carroça puxada por cavalos, quando chovia pelas condições da estrada eram usados bois.  

Família de José Kunz e Goergen, com os filhos: Teobaldo, Arno, Alzira, Tereza, Oscar, Francisco, Veronica, Inacio, Canisio, Alice, Dalila e Eugenio.


Na Nova Santa Cruz da época, a família Kunz frequentava a venda do senhor Benno Johann para adquirir alguns mantimentos que não produziam em sua propriedade. Das lembranças da infância Thereza recorda que levou  a cavalo, milho em grão ao moinho, que ficava próximo onde hoje está o arado, na entrada de Nova Santa Cruz, para fazer farinha. Na ida derramou o milho de um lado da mala de garupa (tswerich sac), ela lembra do local do ocorrido, na Igreja Sagrado Coração de Jesus, havia uma ponte com um buraco, e foi um pouco antes, não pode mais ajuntar o milho pois estava na terra e misturado com pedrinhas ficou impróprio para consumo. A família tinha uma pequena área de terras, por isso após a colheita da lavoura, Thereza e seus irmãos mais velhos trabalhavam de agregados na propriedade de outras famílias.

Foto do casamento de Thereza Kunz e Luiz Adroaldo Marges.

Thereza casou-se com Luiz Adroaldo Marges, no sábado, 26 de junho de 1954. Após casar-se morou em Sampainho, um ano após casada seus pais mudaram-se para Planalto em Santa Catarina onde faleceram.  Em Sampainho, o esposo trabalhou de carpinteiro, com seu pai, fabricavam carroças, rodas, carrocerias de caminhão e até caixões, neste período Tereza trabalhou com a sogra na lavoura. Do casamento com Luiz, teve três filhas: Ilse, Terezinha e Lucila. Quando seus sogros falecerem em Sampainho, foi residir em Mato Leitão e mais tarde voltou para Santa Clara do Sul. Seu espodo Luiz faleceu em 2004, ela passou a residir com sua filha Terezinha, em Picada Augusta Cruzeiro do Sul.

Família de Luiz Adroaldo Marges e Thereza Kunz, com as filhas: Ilse, Terezinha e Lucila.


Tivemos uma conversa muito agradável, com um bom chimarrão, olhamos muitas fotos, e entre as tantas fotos Thereza guarda muitas imagens de santos, como forma piedosa de devoção. A filha Teresinha, conta que ela reza o terço todos os dias, lê diariamente jornal e gosta até de ler livros. Com este exemplo e inspiração para todos nós, termino mais um relato dos nonagenários, que narram um pouco da história do cotidiano da Santa Clara do Sul do passado. Agradeço e desejo saúde, lucides e vida feliz para a senhora Thereza!


Imagens de Santos colecionados por Thereza Kunz Marges. 


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98 anos Ida Maria Gottselig Friedrich

103 anos Ella Wünsch Lenhart

90 anos Amélia Ody

95anos Lucia Jung 

Centenária Maria Castro


Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de várias famílias desde 2008.

Se você tiver alguma contribuição para fazer, estarei a disposição, contate pelo facebook, ou e-mail rafaelhelenhard@gmail.com, não esqueça de me seguir para acompanhar as publicações.

 

 


domingo, 19 de fevereiro de 2023

95 anos de Lucia Hilda Jung

 

Foto da visita a Lucia Jung.

Continuando a série de histórias dos nonagenários de Santa Clara do Sul, estarei publicando nos próximos meses, mais algumas entrevistas. O objetivo é deixar registradas estas memórias que aconteceram há mais de 80 ou 90 anos, assim preservado a história de nossa comunidade.

No último 02 de fevereiro, belo e ensolarado domingo de verão, após a missa na Igreja Matriz, fui visitar as irmãs Lúcia Hilda Jung, 95 anos, e Imelda Isabela Jung, 80 anos, para uma boa conversa em alemão, sobre os idos tempos.

O foco da nossa conversa foi a vida de 95 anos da Lúcia, que com muita lucides, conta ser a segunda filha do casal João Augusto Jung e Anna Paulina Kramer.  Nasceu em 20 de Dezembro de 1927, em Santa Clara do Sul, então segundo distrito de Lajeado, quando a Igreja Matriz ainda era uma Capela da Paróquia Santo Inácio de Lajeado e sua construção havia sido finalizada pouco mais de 10 anos. João Augusto e Anna Paulina tiveram uma numerosa família de 11 filhos: Acilda Letvina, Lucia Hilda, Antônio Aloysio, Orlanda, Irma Maria, Elma Elisabeth, Albano Francisco, Inácio Irineu, Imelda Isabela, Dalmira, Valdemar.


Foto da família de João Augusto Jung e Anna Paulina Kramer.



Lucia conta, que nasceu e residia na Rua das Flores, e que pouco antes de 1933 seus avós maternos, João e Olga Kramer e alguns tios, haviam se mudado para desbravar Boa Vista do Buricá. Nesta oportunidade seus pais com os quatro primeiros filhos, receberam do avô, o convite para unir-se a família na nova colônia. Foi assim que seu pai, João Augusto, vendeu sua casa, terras e animais para João Schabbach, e foi com a família em busca de um futuro promissor, levando apenas alguns móveis e um cachorro, em uma longa viagem de ônibus.

A Boa Vista do Buricá naquela época, era uma área de mata que foi desbravada, com a venda da madeira, os pioneiros construíram suas casas e pagaram suas áreas de terras, que tinham pouco valor, comparadas ás de Santa Clara do Sul. O avô de Lucia, João Kramer, acolheu os filhos em sua casa, até que pudessem ter a sua própria, foi assim com seus pais e tios Ervin Kramer e Frida Eckert. Quando os tios estavam se mudando para a casa nova, em uma ribanceira, a carroça com a mudança do casal perde um pino e se desmonta, os bois se colocaram a correr, a tia Frida ainda tentando segurar sua maquina de costura, cai da carroça e fica presa pela perna em uma corrente e assim foi arrastada.  Lucia lembra que a tia ficou com o rosto desfigurado, relata ela em alemão “em pedaços”, e no velório cobriram seu rosto com um pano. Não havia padre na comunidade, apenas em Três de Maio a família conseguiu contatar um sacerdote para celebrar as exéquias.  A avó de Lucia, Olga, quando ficou sabendo do ocorrido teve um AVC, também não foi possível contatar médico, e a avó faleceu no mesmo dia do enterro da tia Frida, o padre não pode comparecer a nenhum dos sepultamentos, devido às dificuldades de deslocamento.

Diante de tal situação, sem assistência médica e espiritual, o pai de Lucia ficou muito receoso em continuar a vida em Boa Vista do Buricá, voltando para Santa Clara do Sul, depois de nove meses, comprou a casa e os animais que havia vendido antes da mudança para João Schabbach.

Foto de Lucia criança, sentada na cadeira ao lado de sua irmã Acilda.

Lucia estudou alguns meses na escola em Boa Vista do Buricá, em Santa Clara do Sul, foi aluna do renomado professor e regente João Otto Ruschel. Após frequentou alguns meses a escola no Bairro Conventos em Lajeado com o Professor Penz. Por fim, estudou com professoras, no prédio que hoje sedia o museu e biblioteca municipal, onde ela denomina como “Rehirum Schule”, as aulas eram em Alemão, não haviam cadernos, os alunos tinham pequenas lousas, onde desenvolviam suas atividades, apagando elas no termino da aula . Ela se lembra dos colegas Arnoldo Ruschel, Nely e Vania Schabbach. Aos oito anos fez a Primeira Comunhão e aos doze a Comunhão Solene, na época a escola e a religião estavam interligadas, onde na Comunhão Solene era o encerramento do período estudantil.   

Quando Lucia terminou seu período escolar, trabalhou em casa com os pais, no cultivo da lavoura, plantando milho, aipim, batata, feijão, cana de açúcar, aboboras, tudo para o sustento da família. Neste período também a família construiu uma casa nova, as madeiras utilizadas, foram de arvores cortadas na propriedade, Lucia e sua irmã mais velha, Acilda, ajudaram seu pai a serrar as toras para a construção.


Lucia com suas irmãs mais velhas.

Lucia, Elma, Acilda

Irma e Orlanda

Conversamos sobre as festividades e comidas de antigamente, foi então que ela procurou seu caderno de receitas antigas, escritas em alemão, onde constam vários doces como pudim de laranja, pudim de queijo, pudim de leite, Eier Süss (doce de ovos), torta de chocolate, além de cucas, bolos, wafle e bolinhos. As principais festividades do ano eram Natal, Páscoa e a festa do Kerb. O Kerb é a festividade do padroeiro da paróquia, que reunia toda família, parentes muito distantes vinham para a comemoração que durava três dias, então eram preparadas todas estas delicias preservadas em seu caderninho de receitas..

Livro de receitas de Lucia, escritas em Alemão.

Em 1987, Lucia e sua irmã Imelda mudaram-se para o centro de Santa Clara do Sul, onde residem até hoje. Em 2016 no centenário de construção da Igreja Matriz São Francisco Xavier, Lucia fez a doação de uma imagem de Santa Clara de Assis, que está na capela em frente a Igreja. Termino mais um belo relato e exemplo de vida, cheia de desafios e superações, agradecendo e desejando saúde, lucides e vida feliz para a Lucia!


Imagem de Santa Clara de Assis, doada por Lucia, no centenário de construção da Igreja Matriz de São Francisco Xavier.




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98anos Ida Maria Gottselig Friedrich

103 anos Ella Wünsch Lenhart

90 anos Amélia Ody   

 

Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de várias famílias desde 2008.

Se você tiver alguma contribuição para fazer, estarei a disposição, contate pelo facebook, ou e-mail rafaelhelenhard@gmail.com, não esqueça de me seguir para acompanhar as publicações.

 

sábado, 1 de outubro de 2022

98 anos de Ida Maria Gottselig Friedrich

 

Foto durante a visita a dona Ida.

Recebi muito feliz, o convite para visitar dona Ida, hoje completando 98 anos. Tive a oportunidade de conversar com ela e relembramos muitos momentos de sua vida, deixo aqui registrado como homenagem pelo seu 98º aniversário.

Nossa conversa foi em alemão Hunsrick, começo lhe contando quem eram meus avós, os avós paternos  ela conheceu e teve amizade, também meu avô materno, era primo irmão de seu falecido esposo Osvaldo Friedrich. Jesses Gott!  Ela exclamava, com sorriso alegre e logo me contou episódios engraçadas dela com meus avós.

Ida Maria Gosttselig nasceu em 01 de outubro de 1924, em São Bento Santa Clara do Sul, na época segundo distrito de Lajeado. Filha de José Gottselig e Maria Carolina Sebastiany, a segunda mais velha de 10 irmãos que ela cita: Benno, Ida, Semilda, Melita, Hilga, Maria, Lucia, Ilka, Paulo e Pedro.


Fotografia da Família de José Gotselig e Maria Carolina Sebastiany.

Dona Ida com seus pais e irmãos.



Ela estudou na Escola Católica de São Bento, hoje Lajeado, durante quatro anos, seu professor foi o senhor Klein, que não falava português, ele administrava aula para quatro turmas em uma única sala. Logo ela aprendeu gramatica em alemão, escrevendo em uma lousa, pequeno quadro que era apagado no final da aula. Pergunto de suas colegas de aula, ela exclama: “Não vive mais ninguém!”, Ida lembra das colegas e amigas Erminda, Lidia e Norma Plfugseder.


Foto dona Ida criança.


Conta que na infância aprendeu trabalhar na roça, e a primeira vez  que plantou milho com seu irmão ela narra: “ Nossos pais antigamente tinham pouca noção, meu pai só arava a terra. Ele dava para nós um pacote de milho para plantar, e assim fomos plantando. O nosso vizinho Rainoldo Mohr e a esposa Greth, de sobrenome Trap, estava trabalhando em sua lavoura ao lado, então ele veio e falou para nós: 'Crianças assim não se planta milho, desta maneira não ganharão grandes espigas'. Nós questionamos 'Mas por que não?'. E ele respondeu: 'Vocês estão plantando milho para pasto, vão ganhar apenas pequenas espigas'.  Então ele nos disse para caminhar dois passos, colocar quatro ou cinco grãos e fechar o buraco. 'Assim vocês devem fazer!” Com Rainoldo Mohr nós aprendemos”.

 A família também plantava aipim, batata, arroz, feijão, cana-de-açúcar, inclusive produziam erva mate. Vendiam leite para queijaria do senhor Carlos Adams, que recolhia todos os dias o leite, com uma carroça puxada por dois burros, aos domingos não vendiam o leite para produzir Käseschmier para consumo durante a semana.

Cucas e bolachas eram apenas feitas na Páscoa, Natal e Kerb, “ Ah die Kerb!” ela exclama, a festa do padroeiro era muito festejada nas famílias, preparavam carne no forno a lenha (backofen),  galinhada e saladas colhidas na horta, as crianças recebiam um copo de refrigerante nestes dias festivos, relembra Ida.

Nos tempos de juventude, ela frequentou bailes no Salão de Valentim Leopoldo Friedrich em São Bento, onde conheceu seu esposo Osvaldo Friedrich. Ele construiu a casa onde criou sua família, com auxilio do pedreiro Otto Mader, antes do casamento. As terras foram adquiridas de seu tio Nicolau Sebastiany, havia uma mata no local, com arvores muito grossas, lembra que a construção foi muito trabalhosa e demorou cerca de dois anos. 


Residência de dona Ida em São Bento Santa Clara do Sul. 

 

Ida casou com Osvaldo Friedrich em 27 de junho de 1944, na Igreja na Matriz Santo Inácio de Lajeado, o casamento foi assistido pelo Padre Décio Heineck. Após o casamento passaram a residir na casa que reside até hoje e criou seus dez filhos: Sonia, Francisco Lotario, Roque, Ironi, Renato José, Lurdes, Rejane, Ana Maria e os gêmeos Pedro Bernardo e Bernardete Paulina.  Com saudade ela recorda do filho Roque que faleceu aos 10 anos incompletos, na época foi muito difícil encontrar o diagnostico de tumor no cérebro, e pouco se pode fazer para reverter o quadro de saúde. Seu esposo Osvaldo faleceu jovem, aos 54 anos, em 24 de agosto de 1973. Hoje ela tem além dos 9 filhos, 16 netos e 17 bisnetos. Com muita alegria, ela recorda tantos momentos de sua vida, mesmo atualmente com algumas limitações trazidas pela idade.

Foto do casamento Osvaldo Friedrich e Ida Maria Gottselig em 27 de Junho de 1944.


 

Dona Ida com os filhos.


Depois desta gostosa conversa, concluo que a alegria de viver faz muito bem, mesmo diante de dificuldades que aparecem pelo nosso caminho. Parabéns dona Ida pelos 98 anos, que Deus continue te abençoando com muita saúde ao lado de sua família.



 

Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de várias famílias desde 2008.

Se você tiver alguma contribuição para fazer, estarei a disposição, contate pelo facebook, ou e-mail rafaelhelenhard@gmail.com, não esqueça de me seguir para acompanhar as publicações.

 


sábado, 24 de setembro de 2022

Coral São Francisco de Santa Clara do Sul


                                                     

O canto coral nasceu em Santa Clara do Sul, juntamente com a comunidade Católica, quando chegou em 1882, meu trisavô, o professor Peter Mallmann, ele assumiu a direção da capela escola, como professor, sacristão, organista e dirigente do coro. Não havia um coral oficialmente formado, mas um grupo de homens que entoava cânticos nas Santas Missas e atos fúnebres. Em 1894, para aperfeiçoar o canto litúrgico, foi concedida licença eclesiástica aos Santa-clarenses, então fundaram a União Santa Cecilia, haviam  60 homens e rapazes inscritos.

Professor Peter Mallmann

Fonte: Rafael Lenhard

 

Quando o professor Peter Mallmann mudou-se para Lajeado em 1898, seu irmão João Pedro Mallmann assumiu suas funções na comunidade, fundou oficialmente em 1899, um coral masculino. Ensaiou com este coral, cantos diferentes para três missas em latim, além de cantos profanos, destacava-se Miguel Ruschel Sobrinho, que teria sido o melhor tenor.


Regente senhor Johann Peter Mallmann

Fonte: Orestes Malmmann

Conforme livro do histórico do coral São Francisco, aprovado em assembleia em 20 de Dezembro de 1985, narra que por volta de 1910, a regência do coral foi passada para o Professor Jacob Scheidt. Este residia em Lajeado, deslocava-se de cavalo para lecionar em Santa Clara do Sul, onde passava a semana, e nas noites livres ensaiava cantos com o Coral. As partituras e livros de cantos, naqueles idos tempos, eram adquiridos pelos membros do coral, por intermédio dos padres Jesuítas, que administravam a paroquia Santo Inácio de Loyola de Lajeado, a qual a então capela de São Francisco Xavier de Santa Clara do Sul integrava.   

Professor e regente Jacob Scheidt ao centro com livro na mão, sua turma de alunos em 1906 em Santa Clara do Sul.

Fonte: Museu Municipal Santa Clara do Sul


Aproximadamente no ano 1925, o professor Jacob Scheidt entrega a regência para o professor Theobaldo Weiler, que por vez, não permaneceu muito tempo na regência. Alguns membros do coral citados deste período de 1910 a 1930 são: Alberto Kochhann, Carlos Klein, Afonso Thomas, José Thomas, Jacó Kuhn, Carlos Schneider, José Weiler, Roberto Werlang, Aloysio Mallmann e João Klein.

O regente sucessor foi o Professor João Otto Ruschel, um exímio musico, que integrou vozes femininas, formando um coral misto. Os ensaios passaram a ser semanais, quase todo domingo o coral solenizava as missas, com cantos em latim, entre eles entoavam Salve Regina e Bonagesima. Foram incluídos no repertório do coral cantos profanos em alemão, para participação de encontros de corais, em Venâncio Aires o coral de Santa Clara do Sul teria recebido prêmio destaque.

Professor e Regente João Otto Ruschel, com sua turma de alunos em 1924.

Fonte: Museu Municipal de Santa Clara do Sul

O coral regido pelo professor João Otto Ruschel era composto pelos seguintes integrantes: Alberto Kochhann, Afonso Thomas, Carlos Klein, Jacó Kuhn, Ermindo Ruschel, Raimundo Ruschel, Reinoldo Ruschel, Ervino Thomas, Bruno Thomas, Carlos Schneider, Aldino Dullius, Afonso Haffner, Otilia Thomas, Maria Braun, Elma Zarth, Otilia Klein, Norma Arenhart, Cida Arenhart e Celita Ruschel.

Pelos anos 1942 ou 1943, o professor João Otto Ruschel foi sucedido pelos seguintes professores e regentes: José Balensiefer, Pedro Heidt, e o senhor Schneiders. Neste período o coral contou com novos integrantes: Hugo Thomas, Ignacio Werlang, Otavio Ruwer, Aloysio Heisler, Alberto Heisler, José Bourscheidt, Osmar Bald e Benno Dullius. Ainda conforme os anos foram passando novos coralistas integraram o grupo: Menno Heisler, Natalia Diel, Julita Diel, Adelia Zart, Eugenia Zart, Sibila Luft, Theobaldo Freitag. Por um curto período também participaram Vitório Bohn, Mase Bohn, Benno Bretano e José Brock. No ano de 1951 dirigiu o coral o professor Alfredo Loch.

Depois de um período de trocas de regentes, em 1952,  com muito entusiasmo assumiu o senhor Benno Dullius, com apoio do novo pároco, Padre João Kreutz, o coral teve forte ânimo. Aumentou seu repertório, adquiriu novos livros de partituras, o Sursum e o Laudate Domini. As irmãs Martinha, Raquel e Maria Lucia, sucessivamente acompanharam o coral como organistas. O novo regente era autodidata, não tocava nenhum instrumento, era exímio cantor e apresentou todas as habilidades necessárias para bem desenvolver a regência. Tendo integrado no coral todos seus filhos e, assim, estendido o para os filhos dos outros coralistas.

 Os ensaios eram semanais no coro da Igreja, o coral cantava quase todos domingos na Santa Missa, cantos em português como na entrada “Todos unidos num só coração”,  alguns em latim, no ato penitencial o “Kyrie Eleison”, o canto do Santo era em alemão. Nas principais solenidades era presença confirmada, na Vigília Pascal e Missa de Páscoa eram entoados os cantos “Pascoa Aleluia” e “ Anjos e homens saudai a Jesus” tradicionalmente ainda executados, portanto há cerca de 60 anos. Os cantos Natalinos eram todos em alemão como: “Tannenbaum”, “Schtille Nacht” (Noite Feliz) e “O du Fröhliche” que segue no repertório atual, bem como como os cantos “Do trono em que refulges” e “A ti ó Maria dirijo o olhar”, em missas em honra a nossa Senhora. Nas missas de ordenações sacerdotais os cantos eram todos em latim, nos funerais entonavam o solene Requiem, e nos enterros o canto “Ultima in mortis hora”.

Foto do Coral Misto de Santa Clara em recém assumida regência do senhor Benno Dullius.

Fonte: Ana Maria Lenhart 

Sentados esquerda para direita: Hugo Thomas, Pe. João Kreutz, Benno Aloysio Dullius, Avelino Dullius, Otmar Beuren.

De pé esquerda para direita: Julita Diel, Edel Lauxen Acilda Dullius

Maria Schabbach, Lorena Lauxen Gelsi Schabbach, Natalia Diel,

Adélia Dullius, Neli Schabbach, ?, Cecilia, Bildhauer,

Menno Heisler, Erica Schneider,

Aldino Dullius, Abilio Dullius, Inacio Werlang, Adelmo Dullius, Olavo Kuhn.

 

O grande coral “misto” de Santa Clara, como era denominado, neste período, foi composto pelos numerosos integrantes: Hugo Thomas, Aldino Dullius, Ignacio Werlang, Menno Heisler, Aloysio Heisler, Adolfo Goergen, José Bourscheidt, Osmar Bald, Arno Thomas, Domingos Mallmann, Maria Schabbach, Neli Schabbach, Diva Schabbach, Natalia Diel Julita Diel, Lucia Diel, Noelia Schnorr, Dorli Schnorr, Lorena Lauxen, Edel Lauxen, Erica Schneider, Olimira Johann, Acelia Johann, Odete Braun, Eda Braun, Carmem Braun, Ivenia Dullius, Lovani Dullius, Leane Thomas e os filhos do regente senhor Benno Dullius, Lori, Acilda, Adélia, Lothario, Avelino, Abilio, e Adelmo.

Confraternização do Coral Misto de Santa Clara na Casa Paroquial com o Conselho Paroquial.

Esquerda para Direita: Ignacio Werlang, Abilio Dullius, Aldino Dullius, Adelmo Dullius, Deodato Borges de Oliveira, Stürmer, Odila de Oliveira, Elvira Schabbach, Alberto Schabbach, Padre João Kreutz, João Melo de Oliveira, Ligia Klein, Orlanda Klein, Acilda Schwertner, Julita Diel.

Ao centro: Hugo Thomas, Regente Benno Dullius, Olimira Dullius, Maria Schabbach, Selina Schwertner e Olavo Kuhn.


Durante a regência do senhor Benno Dullius, que ingressaram no coral Misto Santa Clara as jovens Lori Dullius Jung, Lovani Dullius Ely e Leane Thomas, cantando juntas por quase 60 anos, na segunda voz (contralto), tive a alegre oportunidade de conversar com elas para a produção desta publicação.

Lori Dullius Jung, Lovani Dullius Ely e Leane Thomas.


A convite de seu pai, o regente Benno Dullius, Lori ingressou no coral em 1962, aos 15 anos de idade, neste ano seu irmão Lotario Dullius já participava, e integrou durante 60 anos o baixo do coral. “Nós formamos um coral misto de quatro vozes em casa, quando meu pai queria ensaiar um canto novo com o coral, primeiro ensaiava com nós, depois levava para o coral.” Assim facilitava o aprendizado do novo canto para os outros coralistas. Ela lembra de quando jovem como era participar do coral: “Era muito legal, era um passa tempo, no verão nós sentávamos na área em casa e cantávamos, as músicas ecoavam pelo nosso potreiro”.

Lori lembra com muito orgulho de seu pai, senhor Benno, ele foi um grande líder comunitário, presidente do conselho paroquial por muitos anos, inclusive durante a construção do Salão Paroquial, além de regente do coral que exigia muita dedicação.

Lovani conta que seu pai Aldino Dullius era um célebre tenor do coral, e ele sempre tinha o desejo que os filhos também participassem, ela lembra a primeira vez que cantou integrando o coral, na Sexta-feira Santa do ano de 1965, “eu acompanhei a senhora Maria Schabbach que cantava na segunda voz (contralto), eu gostei muito e estou aí até hoje”. Também sua irmã Ivenia Dullius participou cantando na primeira voz (soprano) e ela recorda: “Muitas vezes em casa eu e minha irmã durante a ordenha das vacas, cantávamos a duas vozes, eu cansei de sonhar de estar subindo a escada íngreme e curva do coro da Igreja.”

Leane recebeu o convite para integrar o coral de seu pai, o coralista senhor HugoThomas, quando tinha 15 anos em 1966. Já cantava com o pai em casa, diversos cantos, ela lembra: “no primeiro ensaio como era mais fácil cantei na primeira voz (soprano), mas eu não alcançava os tons, então mais tarde passei para segunda voz (contralto) e depois me dei bem!”, todas terças feiras ia a pé com o pai para os ensaios. Pergunntei como era ser jovem e integrar o coral: “nós fazíamos questão de participar e nos sentíamos honrados, porque o coral era muito apreciado”.

O Senhor Benno Dullius no ano de 1977 precisou ausentar-se da regência, passando naquele ano para seu filho Abílio Dullius. Em 1978 dirige o coral a Irmã Maria Lucia Mallmann até o ano de 1981. Ingressaram novos coralistas: Elmiro Bourscheidt, Pedro Mallmann, Melania Thomas. Atualmente além das senhoras Lovani Ely e Leane Thomas, os coralistas que por mais tempo integram o coral São Francisco são: Rafael Werlang desde 1975, Juraci Mallmann e Lorci Klein, desde 1977, Louraci Beuren e Noeli Goergen, desde 1980.

Em 1981 foi convocada uma reunião com todos os membros do coral e a diretoria do conselho paroquial juntamente com o Pároco Padre João Kreuz. Foram expostas as dificuldades do coral e o presidente do conselho paroquial José Antônio Adams mostrou interesse e prometeu apoio e ajuda financeira necessária. Neste mesmo ano por decisão dos integrantes do coral foi escolhida a primeira diretoria. Depois de um curto período o presidente eleito, transferiu-se para outra localidade e assim aquele ânimo inicial desta primeira diretoria, foi se reduzindo aos poucos. Coube aos senhores Aldino Dullius e Menno Heissler assumir a conduta do grupo. E foram eles que em março de 1982 convidaram o senhor Antônio Victório Bohn para assumir a regência do coral.

Em novembro de 1982 o coral adquiriu com recursos de doações da comunidade seu primeiro uniforme. Em 14 de agosto de 1983 realizou-se o primeiro Encontro de Corais em Santa Clara do Sul. 

Primeiro uniforme do então denominado Coral misto de Santa Clara.

1ª Fileira: Pedro Mallmann, Lotário Dullius, Hugo Thomas, Elmiro Bourscheidt, Camilo Mallmann, Aldino Dullius, Rafael Werlang, Ignacio Werlang, Menno Heisler, Antonio Victorio Bohn.

2ª Fileira: Noeli Goergen, Lovani Dullius, Lorci Klein, Rita Schneider, Ivenia Dullius, Neli Schabbach, Herta Bohn

3ª Fileira: Lori Jung, Liane Thomas, Jaqueline Corbeline, Juraci Mallmann, Cleris Dessoy, Carmem Puhl, Dorli Corbelini.


Em1985, alguns membros da diretoria fizeram uma visita a Empresa Calçados Andreza S.A., ao expor os seus objetivos, receberam integral apoio de seus diretores senhor Mario Piacini e senhor Vilson Mantelli, que assumiram o patrocínio total do novo uniforme.

Um fato muito relevante para a época, foi uma apresentação do coral no canal 10 da TV Difusora em 1986.

 

Coral com seu novo uniforme em 1985 junto aos patrocinadores e regente Antonio Victorio Bohn.

(Homens no alto da esq.) Hugo Aldino Thomas, Lothario Dullius, Pedro Canisio Mallmann, Elmiro Wendelino Bourscheidt, Nilson Francisco Thomas, Camilo Mallmann, Aldino Aloysio Dullius, Rafael Werlang, Ignácio Werlang, Menno Pedro Heissler, e Canisio Werlang.

Baixo da esq. Casal Vilson Antonio Mantelli e esposa Anadir, Lori Jung, Leane Maria Thomas, Irmã Margarida, Carmen Puhl, Neli Schabbach, Louraci K. Beuren, Herta Bohn, Antonio Victorio Bohn, Cléris Dessoy, casal Maria Piacini e Mario Piacini.

Meio da esq. Melânia Thomas, Noeli Goergen, Rosali Werlang, Lorci Klein, Jaqueline Corbelini ,Dorli L. Corbelini.


Em 1994 por exigência dos órgãos públicos o coral encaminhou a documentação necessária para registro dos seus estatutos cujo resumo foi publicado no Diário Oficial, do dia 24 março de 1995 e a partir daí passou a denominar-se “Coral São Francisco”. Aos 24 de julho de 1995, oficialmente agora intitulado coral São Francisco realizou seu primeiro encontro de corais. No ano de 1998 assumiu regência o senhor Telmo Körner, depois de 16 anos sob a regência do senhor Antonio Victório Bohn.

O senhor Silvestre Bourscheidt atual regente do Coral São Francisco, foi intitulado no ano 2000. O coral conta com 23 membros, participa das Missas de Páscoa, Natal, da solenidade do padroeiro da Igreja Matriz São Francisco Xavier, bem como o quinto domingo do mês. Antes da pandemia da Covid 19, realizou anualmente um encontro de corais com jantar e baile, cantava também em quase todos os atos fúnebres da comunidade, quando convidado. Com o retorno das atividades após a pandemia, até o momento, os ensaios são semanais e integram os seguintes coralistas:

Soprano (primeira voz) Juraci Mallmann, Lorci Klein, Loraci Beuren, Ody Hermes, Vera Mallmann, Rosa Mahle, Olimira Rambo, Natalia Bourscheidt, Ir. Hélia Hendges, e Ana Cristina da Silva.

Contralto (segunda voz): Lovani Dullius, Leane Thomas, Noeli Goergen e Lucia Franz.

Tenor: Valdir Johann, Elmo Ely, Paulo Rambo, Rafael Werlang e Rafael Lenhard

Baixo: Décio Weber, Paulo Weber e Charles Thomas

 

É importante exaltar que nos últimos anos, foram integrantes do Coral São Francisco durante longo período, e membros da diretoria: Lotário Dullius, Nilson Thomas, Erico Heisler,  Pedro Mallmann, Elaine Johann, Lori Jung, Célia Klein, Clara Mallmann, Célia Wickert, Gertrudes Schnorr. Outros participaram por menos tempo: Rosali Werlang, Luana Siebeneichler, Rodrigo e Angela Mallmann. 


Abaixo vídeos do Coral São Francisco sob regência de Silvestre Bourscheidt, entoando cânticos que estão há cerca de 60 anos em seu repertório.






Seguem vídeos de cantos profanos, do repertório atual do Coral São Francisco.













Agradecimentos pela colaboração nesta publicação: Lovani Ely, Lori Jung, Leane Thomas, Nilson Thomas, Miriam e Adélia Schwertner, Eduardo Schneider e Evanir Lenhard.

Fontes: Livro Histórico do Coral São Francisco

TRASEL, Padre Alberto. Álbum Jubilar de Santa Clara do Sul 1869-1969. Jornal comemorativo

Rafael Henrique Lenhard, nasci em 19 de Dezembro de 1994, em Santa Clara do Sul RS. Sou formado como Bacharel em Administração pela Universidade Norte do Paraná. Pesquiso a genealogia de várias famílias desde 2008.

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