Amélia Ody em frente a Casa Canônica em Santa Clara
do Sul. |
Neste dia 07 de Abril, Amélia Ody está completando
noventa anos. A família Ody fez parte de minha infância, diariamente passava em
frente a sua casa, com meu pai, para ir à roça, então tínhamos uma ligação de
proximidade, como era com a vizinhança há tempos atrás.
Sempre tive curiosidade em sua história e já visitei
varias vezes a nonagenaria Amélia. Sei que ela é um pouco tímida em revelar a
idade, mas tamanha dadiva é digna de orgulho. Ela nasceu em 07 de abril de 1931,
na cidade de Mato Leitão, na época município de Venâncio Aires, é filha de
Alberto Heisler e Theolinda Johann.
Quando ela tinha 4 meses a família se mudou para a Picada Mähler, seu
pai Alberto era marceneiro, na época era uma profissão pouco remunerada, a família
comprou uma área de terras na picada, para poder ter um sustento melhor.
Amélia conta que estudou quatro anos na escola em
Picada Santa Clara, seu professor foi Alfredo Luft, após mais um ano na Escola
São José, recém assumida pelas Irmãs da Divina Providencia. Diz ela “Antigamente não se aprendia tanto
educação e jeito de lidar com as pessoas, a mãe queria que cada filha mulher
fosse um ano estudar com as irmãs, meio turno estudar e o oposto trabalhar, tínhamos
que levar também algum mantimento de casa”. As irmãs
proporcionavam uma maior experiênciade vida, e mais instruções para as famílias
que residiam nas picadas do interior. Neste ano Amélia foi colega de Hilda Ody,
irmã de seu esposo Aloysio, foi então que certo dia acompanhou a colega até a
casa da família Ody.
A família Heisler era muito religiosa, os caminhos
para chegar até a Igreja Matriz de Santa Clara do Sul eram muito precários, era
preciso pegar atalhos entre roças e potreiros, mas a devoção era tanta que
sempre alguém da família assistia a missa diária. Na rotina da família, a
oração estava presente nas principais refeições, pela noite antes do jantar era
rezado o terço e ainda após o ângelus, até a hora de dormir. Hoje Amélia ainda reza o terço em alemão diariamente.
Família de Alberto Heisler e Theolinda Johann |
Certo dia Amélia estava no centro de Santa Clara do
Sul e estava indo para casa, sabia que em Sampainho havia um
cachorro raivoso pela rua, acontecia muito na época por não existir aqui a
vacina antirrábica. Apurando os passos rezava para não encontrar o cachorro no
caminho de casa, quando de repente em uma curva o cachorro vem ao seu encontro,
“ era um cachorro grande brazino, pensei para onde vou correr? De um lado havia
mato, de do outro um potreiro com um barranco alto. Eu pensava este cachorro
vai me morder, o que eu faço agora? Meu Deus! Consegui me agarrar no barranco em um arbusto,
passei por um murro de pedras e uma cerca de arrame farpado, pela lateral do murro consegui fugir. Quando já
estava um pouco distante ele se sentou no alto do moro e começou uivar. Escapei
por pouco, mas quando cheguei em casa chorei muito de medo.”
Na década de 1940 o Pároco Davi Groth, convidou a família
de Alberto Heisler para administrar o hospital de Santa Clara do Sul, que
estava com as atividades paradas, anteriormente era administrado por Carlos
Schnorr. A família residiu ali cinco anos, Amélia relata a tamanha dificuldade
para reorganiza-lo e o grande esforço para administra-lo, ela era adolescente e
ajudava os pais nos serviços gerais. Após as Irmãs da Divina Providencia assumiram as
atividades.
Quando pergunto se Amélia gostava de frequentar os
bailes antigamente seu rosto não aponta posição de agrado, diz ela que não
gostava, era muito apegada a sua família. Havia dançado com um outro rapaz muito
alto, mas certo baile Aloysio Ody correu
em frente ao rapaz citado e a toma para dançar, “ ele nunca mais me largou, era
muito apaixonado por mim, até partir” Aloysio faleceu em 2018. O namoro da
época era muito restrito apenas uma visita nos domingos a tarde, nos dois anos
de namoro ela foi apenas uma vez visitar a casa do sogro Felipe Ody. Amélia e
Aloysio casaram em 09 de Maio de 1951 e tiveram cinco filhos: Marilene,
Canisio, Nelsi, Maria Lisete e Marilise.
Casamento de Amelia Heisler e Aloysio Ody, 09 de maio
de 1951. |
Amélia
e Aloysio Ody com seus filhos na Festa do centenário da Colonização de Santa
Clara do Sul em 1969. |
A família Ody era uma família agraciada, Aloysio
esposo de Amélia tinha três irmãs que consagraram suas vidas como Irmãs
Religiosas, dois Irmãos Lassalistas e dois Padres. Lembra Amélia que após casados ficaram residindo na casa do
sogro Felipe Ody, a grande alegria da família quando os religiosos podiam todos
juntos fazer as visitas de férias ao pai e familiares. Das poucas vezes que foi
possível lembra da alegria de uma visita próximo no Natal, onde os religiosos
ao lado do presépio entoaram cantos a vozes, uma grande alegria e honra para
todos.
Bodas
de Prata de Amélia e Aloysio Ody, 1976.
Bodas
de Ouro de Amélia e Aloysio Ody, 2001.
Bodas
de Diamante de Amélia e Aloysio Ody, 2011.
Muito temos a aprender com as histórias da Amélia, que são ensinamentos para os dias de hoje. Mesmo diante das dificuldades que a vida nos impõem, devemos lutar muito pelos nosso ideais, nunca perdendo a esperança e a fé em Deus. Parabéns Amélia pelos seus 90 anos, que Deus continue te abençoando com muita saúde ao lado de sua família!